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AS PRÁTICAS DE SAÚDE

  • Foto do escritor: Lorena Virgínia
    Lorena Virgínia
  • 10 de mar. de 2018
  • 5 min de leitura

Atualizado: 1 de mai. de 2018

Desde os primórdios da civilização até os dias atuais, o ser humano apresenta constante evolução, algo que também se aplica ao campo da saúde. Nas primeiras civilizações, é claro que não se tinha medicamentos, nem hospitais, pois são coisas que só surgiram depois. Então, como é que eles conseguiam sobreviver a doenças? Bom, é exatamente com essa pergunta que você irá trilhar o caminho percorrido pela saúde desde a pré-história até o mundo moderno através deste texto.

  • As práticas de saúde instintivas

Tiveram início com os primeiros grupos nômades, os quais começaram a definir aos poucos o conceito de cuidado. Como o próprio nome já diz, eram práticas instintivas, ou seja, sem conhecimento baseado em alguma lógica ou raciocínio. As precursoras dessas práticas, de modo geral, eram as mulheres, pois elas passaram a ter um zelo com seus filhos, evitando deixá-los para trás nas longas jornadas enfrentadas pelos nômades, sendo, portanto, observada a formação patriarcal da sociedade. Para curar dores físicas, esse povo mastigava folhas e ervas - apesar de não entender que ali existia/existem princípios ativos que auxiliam no tratamento de doenças - e utilizava a pintura rupestre a fim de curar dores psicológicas. Todas elas foram estudadas através da examinação de achados arqueológicos como pedras, objetos, instrumentos, inscrições hieroglíficas ou cuneiformes, papiros, livros e documentos. A evolução da saúde, nesse momento, se dava por meio de tentativas, ocorrendo inevitavelmente alguns erros. As crenças e práticas religiosas também começavam a aflorar. Dessa forma, é nítida a trajetória da enfermagem ser iniciada por intuição.


CANTINHO DA CURIOSIDADE:

A Antiguidade Oriental deixou rastros nas práticas de saúde instintivas que atravessaram séculos e ainda estão presentes nos dias atuais. Um exemplo seriam as primeiras utilizações de plantas medicinais, cultivadas nos Jardins Suspensos instalados nos palácios pelo rei mais poderoso do império babilônico, Nabucodonosor. Nas tradições do povo hebreu havia a utilização de frutas, como figos e uvas, as quais eram preservadas para consumo como frutas secas e vinhos, incluindo também o azeite de oliveira, o qual era usado como alimento e medicamento. Além disso, os hebreus também praticavam o ato da hospitalidade, considerado como um dever religioso, mas que com o passar dos anos se fixou como característica principal do cuidado.

  • As práticas de saúde mágico-sacerdotais

Após o período pré-histórico e toda a antiguidade, a utilização de poções e preparos feito a partir de ervas surgiu como forma característica do tratamento de doenças - herança do início das crenças religiosas e do misticismo nas práticas instintivas. Nesse período, acreditava-se que a doença era um castigo atribuído pelos deuses e a cura era feita através do sacerdotes, os quais eram a ponte entre o ser humano e os deuses. Ainda não havia um pensamento científico, logo, era tudo baseado no empirismo e na experiência (obs.: tem-se aqui a semente que levará o homem a ficar curioso e praticar a investigação científica nos próximos períodos). Já existiam alguns especialistas no ato de curar, porém eram restritos às classes mais altas da sociedade, enquanto as classes inferiores dependiam dos sacerdotes. As mulheres, antes protagonistas do processo de cuidado, ficavam responsáveis por tarefas como o parto e auxiliares dos sacerdotes, os quais eram a figura principal das práticas mágico-sacerdotais.

  • As práticas de saúde no alvorecer da ciência

Já ouviu falar sobre Hipócrates? Se já, você tem conhecimento de pelo menos um pouquinho dessa parte da história relacionada à saúde. Se não, vou fazer um resumão sobre esse ser humano para você em apenas uma frase: ele é considerado o pai da Medicina e foi a figura principal dessa prática de saúde, sendo ela também conhecida como hipocrática ~em breve, farei um post na seção dos ícones da Enfermagem para falar mais sobre Hipócrates, afinal, ele ajudou no desenvolvimento de todas as áreas da saúde~. Nessa fase posterior às práticas de saúde mágico-sacerdotais (obs.: apesar de ter escrito "fase posterior", entenda que ambas coexistiam, pois a história não é linear, ou seja, as duas práticas ainda eram realizadas e a anterior aos poucos deixava de ser predominante), o misticismo dava lugar à curiosidade e à sede por conhecimento, levando a uma conexão entre a experiência e o raciocínio lógico. Eram realizadas observações de fenômenos e investigações dos mesmos, ainda considerando o fato de que a anatomia humana não era muito conhecida nessa época.

  • As práticas de saúde monástico-medievais

Na história, o surgimento desta prática ocorre durante o período feudal, em que a Igreja Católica tinha poder absoluto sobre a economia e a organização política da população. As práticas do cuidado eram feitas por religiosos, porém de forma leiga, mas mesmo assim sendo observados os primeiros sinais do surgimento de uma estrutura parecida com a que temos atualmente. Contudo, muitas das características presentes nesse período não fazem parte da Enfermagem dos dias atuais, como por exemplo a abnegação, pois durante o período monástico-medieval era muito mais valorizada a parte religiosa, uma vez que a Igreja Católica provinha os cuidadores e considerava o cuidado muito mais como uma forma de mostrar devoção.

  • As práticas de saúde pós-monásticas

A Reforma Protestante e o Renascimento foram indispensáveis na constituição dessas práticas de saúde pós-monásticas. A Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, teve como papel principal a crítica à forma como a Igreja Católica manipulava os seus seguidores a partir de indulgências e utilizando a Santa Inquisição como formas aquisição de dinheiro e punição, respectivamente, sendo claros os abusos e corrupção da Igreja. Lutero ficou conhecido por pregar suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Nesse período, também ocorreu o declínio do feudalismo, característica que marcou o fim do período feudal e, consequentemente, o gradual fim da Idade Média. Devido às conturbações pelas quais a Igreja Católica passava nesta fase da história, os hospitais - que antes tinham os religiosos como principais pilares para funcionamento - deixaram de ter atenção, sendo ocupados agora por mulheres de baixo nível social que não tinham noção sobre o cuidado com os enfermos - que agora se amontoavam nos leitos sem auxílio algum - e os tratavam com descaso, trazendo o porquê desse período também ser conhecido como o período negro da Enfermagem. O Renascimento marcou a ruptura dessa fase, sendo essencial por conduzir ao racionalismo, experimentalismo, individualismo e antropocentrismo, embora não tenha contribuído significativamente no desenvolvimento da Enfermagem.

  • As práticas de saúde no mundo moderno

A Revolução Industrial teve importante papel no surgimento, assim como o surgimento da Enfermagem na Inglaterra por Florence Nightingale ~ela também terá um post exclusivo, por ser uma mulher importantíssima para a Enfermagem~, levando à profissionalização da profissão no sistema capitalista emergente. No Brasil, essas práticas de saúde serão exercidas de maneira primordial por Ana Néri, outra mulher essencial para a constituição da história da Enfermagem, especialmente a Enfermagem brasileira.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

OGUISSO, Taka. Trajetória histórica e legal da enfermagem. 2ª Ed. Editora Manole, 2007. 277p.

http://enfermagemesaudebiblioteca.blogspot.com.br/p/as-praticas-de-saude-instintivas.html

https://www.abenpe.com.br/home/hist_enfermagem.pdf


 
 
 

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